Brasileiros em Israel relatam ao BNC Amazonas drama da guerra
O carioca Tairo Arrabal e a esposa amazonense Monique e seus três filhos estão há quatro anos em Israel

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 09/10/2023 às 18:48 | Atualizado em: 09/10/2023 às 19:03
Casal de brasileiros, que vive há quatro anos em Jerusalém, capital de Israel, fala ao BNC Amazonas sobre o drama, temores e horrores da guerra entre judeus e palestinos.
O relato ocorre dois dias depois dos ataques de 5 mil mísseis do grupo extremista palestino Hamás a Tel Aviv, o centro político e financeiro de Israel, no último sábado (9).
Tairo Arrabal, de 37 anos, pastor evangélico da igreja Restauração, é do estado do Rio de Janeiro. Casado com a amazonense Monique Arrabal, de 36, o casal tem três filhos e vive em Jerusalém há quatro anos.
Antes de se mudar para a Cidade Santa dos cristãos, a família brasileira morou 12 anos em Manaus.
Na manhã de sábado, quando ainda dormiam, foram acordados pelas sirenes que alertam sobre bombardeios em uma das regiões mais tensas e perigosas do mundo.
“Ainda de pijamas, saímos correndo para o abrigo antibombas. Era surreal, pois, não víamos nada parecido desde 2021, quando já estávamos morando em Jerusalém”, conta Monique Arrabal.
Segundo ela, o primeiro alarme veio pelo celular. Era feriado judaico, nas comemorações da “Festa dos Tabernáculos”.
“Sob o som das sirenes, pegamos as crianças e fomos para o bunker de proteção sem saber bem o que estava acontecendo. Depois, descobrimos que o ataque veio de Gaza”, disse Tairo Arrabal.
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Sequestros e bombas
Questionado sobre como está a situação em Jerusalém ou se há feridos na família ou entre amigos, o sacerdote evangélico brasileiro explicou que na capital os ataques foram pequenos e que não há notícias de mortes. No entanto, em cidades vizinhas, ele soube de sequestros e bombas em veículos que trafegavam pelas ruas.
“Jerusalém é uma cidade-fantasma. As aulas dos nossos filhos foram suspensas, assim como serviços públicos, supermercados fechados. E nós, atentos para qualquer momento irmos ao abrigo coletivo onde moramos em comunidade”, disse Arrabal.
Erro da inteligência
Por outro lado, o casal de brasileiros também comentou sobre o que está sendo chamado “erro da inteligência israelense”, que permitiu o Hamás transportar bombas, entrar no território, ultrapassando as cercas de proteção na Faixa de Gaza.
“Segundo um analista, houve um ataque muito bem planejado do Hamas, provavelmente patrocinado pelo Irã. Além disso, há rumores de que o levante de Gaza também teve o apoio de outras facções terroristas”, disseram Tairo e Monique.
De outra forma, o Hamás também teria conseguido impedir a interceptação da comunicação por parte do exército de Israel entre outras tecnologias que foram capazes de “cegar” o inimigo tão preparado economicamente, belicamente e politicamente mais forte.
Suporte aos brasileiros
Ao responder sobre como a família está se preparando, em caso de uma “guerra longa e difícil”, como disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Tairo respondeu:
“Neste momento estamos focados em dar suporte aos brasileiros que vieram para o feriado judaico e participar da Festa dos Tabernáculos em Jerusalém. Ainda não estamos pensando em nos juntar ao grupo que deverá se repatriado pela missão humanitária do governo brasileiro”.
Por fim, o pastor evangélico disse que ele e sua família poderão deixar Israel em caso de um levante civil entre grupos judeus e palestinos, mesmo aqueles que vivem e convivem dentro de Israel.
Apoio do Brasil
Nesta segunda-feira (9), o Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada em Tel Aviv e do Escritório de Representação em Ramala, informou que segue acompanhando a situação dos turistas e das comunidades brasileiras em Israel e na Palestina. E que o Itamaraty tem registro de três brasileiros desaparecidos na região até o momento. O governo brasileiro desaconselha quaisquer deslocamentos não essenciais para a região.
Repatriação
Até o momento, a Embaixada em Tel Aviv colheu os dados de cerca de 1.700 brasileiros que externaram interesse em sua repatriação, a maioria dos quais turistas, hospedados em Tel Aviv e Jerusalém. Os candidatos à repatriação serão acomodados em listas de prioridade. Em um primeiro momento, deverão ser priorizados os residentes no Brasil, sem passagem aérea.
Os sobrevoos e pousos das aeronaves destacadas para repatriação de brasileiros foram autorizados por Israel. A primeira aeronave destacada para repatriação encontra-se em Roma. O segundo avião tem decolagem, de Brasília, prevista para a tarde de hoje.
Faixa de Gaza
O escritório de representação, em Ramala, segue em contato com os brasileiros na Faixa de Gaza e, tendo em conta a deterioração das condições securitárias na área, está implementando plano de evacuação desses nacionais da região, em coordenação com a Embaixada do Brasil no Cairo.
Íntegra da entrevista ao BNC Amazonas
Foto: BNC/reprodução