BR-319: na defesa de Marina, partido diz que ALE-AM agiu diferente com Bolsonaro
A Rede Sustentabilidade emitiu uma nota de apoio à Ministra Marina Silva, condenando os ataques sofridos por ela de políticos amazonenses durante sua visita ao estado.

Diamantino Junior
Publicado em: 06/10/2023 às 09:40 | Atualizado em: 06/10/2023 às 09:42
Uma nota de apoio foi emitida pelo partido Rede Sustentabilidade à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que foi alvo de duras críticas por parte de políticos amazonenses durante sua visita ao Amazonas na última quarta-feira (08/10) e de uma moção de repúdio emitida pela Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).
A nota repudia atitudes que julga machistas e desrespeitosas contra a ministra e destaca seu compromisso com a região amazônica.
O texto também critica a postura da classe política local, que ataca Marina, em debates sobre o clima e a pavimentação da BR-319.
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A nota diz que esses políticos se acovardaram quando o ministro era Ricardo Salles e quando o ex-presidente Jair Bolsonaro brincava com a falta de oxigênio no Amazonas.
Leia a nota
A classe política amazonense, que está no poder há mais de 40 anos, grita, aponta o dedo e engrossa a voz para uma mulher amazônida que defende e reforça a importância do bioma em todos os lugares em que ocupa, sejam eles no Brasil ou em debates internacionais sobre clima.
A BR-319 é o principal palanque eleitoral dos pseudo-defensores do “progresso” no Amazonas. O Senador Omar Aziz esbraveja, o Governador Wilson Lima engrossa a voz e o Deputado Sinésio Campos aponta o dedo na direção de uma mulher, mas não fizeram isso quando o ministro era um homem, Ricardo Salles, condenado por crimes ambientais.
O mesmo não ocorreu com o ex-presidente Bolsonaro e seu vice-presidente Hamilton Mourão, cuja gestão foi marcada por manifestações públicas de deboche sobre pessoas sem oxigênio em Manaus, nesta mesma gestão vacinas que iriam para o Amazonas chegaram no Amapá, por uma falta de conhecimento básico sobre o Norte do país.
Mourão chegou a dizer que comeria a sua boina se não asfaltasse a BR 319. Não vimos os senadores Omar, Braga, muito menos Plínio Valério cobrarem o seu colega de Senado para efetuar a promessa. Infelizmente o asfaltamento da BR-319 por muito tempo foi considerado pela opinião pública amazonense como fator definitivo para o desenvolvimento econômico no estado.
No entanto, essa tese não é reforçada pelas centenas e milhares de ribeirinhos, moradores do interior do Estado e atravessadores que vivem durante gerações utilizando nossa grande bacia hidrográfica como estrada.
A boa vontade política aliada aos Institutos que realizam previsões constantes sobre o comportamento dos rios seriam ideais, não para impedir a estiagem, que é reflexo de ações climáticas e humanas globais, mas podem de maneira enérgica evitar o caos humanitário que se instala mais uma vez sob o Amazonas. Um dos índices que reforça a abertura de estradas como inimiga da preservação é justamente a derrubada da floresta saltou de 216 km2 em 2020 para 480 km2 em 2022 depois que o ex-presidente Bolsonaro decidiu pavimentar a rodovia.
Os governantes dos últimos 40 anos são os verdadeiros responsáveis pelas mazelas que acontecem em nosso estado envolvendo deslizamentos, caos em abastecimento e saúde pública, entre outros desgovernos históricos que a memória dos mais de 14 mil amazonenses mortos pela covid-19 não nos deixa esquecer.
Projeto da BR-319 O projeto da BR 319 é complexo, requer estudos aprofundados, deve demonstrar viabilidade social, econômica e ambiental.
Mesmo com desmonte da agenda ambiental pelo congresso nacional, a Ministra Marina Silva tem sido incansável no objetivo de reduzir o desmatamento na Amazônia. Apenas nos primeiros 9 meses de gestão o desmatamento caiu para 48% e no Amazonas 62%, resultado de muito trabalho e compromisso.
A classe política que se perpetua no poder, já tem o roteiro pronto. Atacar autoridades como a Marina e fugir das suas responsabilidades é importante para inflamar a ala bolsonarista e o sentimento de destruição que ela inspira.
São estratégias para disputa de votos nas próximas eleições com vídeos que sempre tiveram como essência, sobretudo, a arrogância e superioridade masculina na política, sao expressões de misoginia que infelizmente se perpetuam em diversas relações de poder dentro e fora da Amazônia.
Diante disso, a Rede Sustentabilidade Amazonas repudia as atitudes machistas e desrespeitosas com a Ministra Marina Silva.
Marina tem compromisso de vida com os amazônidas. Siga firme, Ministra Marina Silva, sua história não está entrelaçada a nomes como Chico Mendes a toa.
A força da floresta e dos povos da floresta estão contigo!
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Foto: divulgação