Academia Brasileira de Letras elege primeiro imortal indígena

Ailton Krenak faz história ao se tornar o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de José Murilo de Carvalho.

Diamantino Junior

Publicado em: 05/10/2023 às 18:36 | Atualizado em: 05/10/2023 às 18:37

O renomado escritor e líder indígena Ailton Krenak fez história ao ser eleito como a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).

A eleição ocorreu nesta quinta-feira (05/10) e o autor dos aclamados livros “Ideias para adiar o fim do mundo” e “A vida não é útil” assumiu a cadeira de número 5, anteriormente ocupada pelo historiador José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto deste ano.

Ailton Krenak conquistou 23 votos na eleição, competindo com outros candidatos notáveis, incluindo Mary del Priore e Daniel Munduruku, também líder indígena.

Autor de três ensaios publicados pela Companhia das Letras, Ailton Alves Lacerda Krenak é muito mais do que um escritor; ele é um ativista, filósofo e líder da etnia krenaque, cujo povo reside na região do médio Rio Doce, em Minas Gerais.

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Nascido em 1953, Krenak é amplamente reconhecido por seu papel fundamental como um dos organizadores da Aliança dos Povos da Floresta, um movimento de proteção das reservas na Amazônia.

Além de suas obras mencionadas, ele também é autor de “O amanhã não está à venda” e “Lugares de origem,” em colaboração com Yussef Campos.

Em maio deste ano, Ailton Krenak recebeu o título de honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB), em reconhecimento à sua contribuição excepcional para a cultura e a causa indígena no Brasil.

Sua eleição para a Academia Brasileira de Letras marca um momento significativo na história literária e cultural do país, celebrando a diversidade e o valor das vozes indígenas na formação da identidade nacional.

Disputa acirrada

A corrida pela cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL) ganhou ares de competição, à medida que escritores notáveis se inscreveram para a eleição.

O escritor e líder da causa indígena mineiro, Ailton Krenak, de 69 anos, foi o primeiro a se candidatar à cadeira número 5 na ABL. Depois dele mais 14 personalidades se inscreveram.

Krenak, autor do livro “Ideias para adiar o fim do mundo,” já ingressou na Academia Mineira de Letras em 2023, marcando um movimento de renovação e abertura da instituição para reconhecer a influência dos povos indígenas na língua e cultura nacionais. Agora, ele busca alcançar o mesmo reconhecimento na ABL.

Ailton Krenak não estava sozinho nessa busca. O escritor e professor Daniel Munduruku, de 59 anos, cuja etnia indígena está refletida em seu sobrenome, também apresentou sua candidatura à ABL. Esta foi a segunda vez que Munduruku concorre à Academia, tendo participado da disputa no ano anterior, que foi vencida pelo médico Paulo Niemeyer Filho.

Com 15 nomes na corrida, o prazo de inscrições se encerrou no último dia 12, e a eleição ocorreu nesta quinta e foi histórica, à medida que escritores comprometidos com a diversidade cultural do Brasil buscaram seu lugar na prestigiosa instituição literária.

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Foto: Alexandre Muniz/Fogão de Lenha Filmes