Jackson Vilar, o bolsonarista arrependido, agora mira em Lula

A incrível mudança política de Jackson Vilar, de apoiador de Bolsonaro a convidar Lula e Alckmin para motociata.

Diamantino Junior

Publicado em: 02/10/2023 às 16:42 | Atualizado em: 02/10/2023 às 16:44

Jackson Vilar, conhecido por organizar motociatas com o ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo, surpreendeu ao romper com o líder anterior e agora expressa a intenção de organizar um passeio de moto com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Vilar, que anteriormente era um apoiador fervoroso de Bolsonaro durante a maior parte de seu mandato, chegou a tentar uma vaga como deputado federal em 2022, capitalizando sua popularidade entre os seguidores do ex-presidente.

Quem é o organizador de motociatas?

Jackson Vilar é dono de uma loja de móveis em São Paulo, no bairro de Capão Redondo, e se autodenomina embaixador do comércio da Zona Sul da capital paulista.

Durante a pandemia, chamou a atenção por ter recebido um total de R$ 5.700 em auxílio emergencial do governo federal, distribuídos em pelo menos 15 parcelas, conforme dados disponíveis no Portal da Transparência.

Nas redes sociais, ele costumava expressar apoio à ditadura militar e, em 2021, celebrou o golpe de 31 de março de 1964 com a mensagem: “Salve o dia 31 de março de 1964, o dia em que o Brasil disse não ao comunismo”. Pouco tempo após essa postagem, Vilar organizou a primeira edição do evento “Acelera para Cristo”, que ele descreve como “a maior motociata do mundo em SP”.

No auge de seu apoio a Bolsonaro, Vilar mantinha uma conta no Instagram com 53 mil seguidores, a qual ele posteriormente excluiu.

Atualmente, ele possui uma nova conta com mais de 9 mil seguidores.

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A decepção de Vilar com Bolsonaro começou quando o ex-presidente atribuiu ao “calor do momento” os xingamentos e ameaças feitos ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes durante um ato em 7 de setembro. Na época, Vilar chegou a chamar seu ex-ídolo de “traidor”.

Mudança de Postura e Convite a Lula e Alckmin

Vilar gravou um vídeo em que expressou seu descontentamento com Bolsonaro, afirmando que não acredita mais nele e que o considera um traidor.

Após os ataques iniciais, ele pediu desculpas e anunciou que não tinha mais lugar na política. Em 1º de abril, declarou sua pré-candidatura ao lado da ex-ministra Damares Alves e do ex-ministro Tarcísio de Freitas, embora tenha tido sua candidatura indeferida em 2022 pelo partido Republicanos.

Recentemente, Vilar ironizou uma declaração da deputada federal Carla Zambelli sobre seu marido ser “homem negro”, elogiou Lula e criticou o pastor Silas Malafaia por sua proximidade com Bolsonaro.

Ao jornal O GLOBO, Vilar afirmou que enviou um e-mail à Presidência da República convidando Lula e Alckmin para participarem de um passeio de moto que ele planeja realizar em 2024.

Ele enfatizou que o evento não possui ligações partidárias e justificou sua mudança de postura, alegando que Bolsonaro mentiu.

Reações e polêmicas

Ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten compartilhou um vídeo que mostra Vilar em uma foto com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sugerindo que a mudança de posição de Vilar é oportunista.

Wajngarten comentou que é importante escolher com cuidado as pessoas com as quais se relaciona, em referência à imagem de um capacete com a estrela do PT e o número 13, usado na peça compartilhada.

Vilar, que já esteve no centro de atenção devido às motociatas com Bolsonaro, agora volta a chamar atenção para sim por sua virada política e pela inesperada aproximação com Lula e Alckmin.

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Foto: reprodução