Golpe de Bolsonaro passava pela prisão do presidente do TSE
Colocada no papel na delação premiada de Mauro Cid, a informação ganha, agora, potencial para levar militares e políticos para o banco dos réus

Ferreira Gabriel
Publicado em: 22/09/2023 às 09:58 | Atualizado em: 22/09/2023 às 10:00
A tentativa de golpe de estado tramado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro passaria pela intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a prisão do ministro e presidente da Corte Alexandre de Moraes.
Colocada no papel na delação premiada de Mauro Cid, a informação ganha, agora, potencial para levar militares e políticos para o banco dos réus.
Mas por que a prisão do ministro fazia parte do plano para intervir no tribunal?
Primeiro é preciso compreender que a intervenção discutida se baseava em duas alegações: parcialidade de Moraes como presidente do TSE ao longo do processo eleitoral, com decisões que teriam prejudicado Bolsonaro e beneficiado Lula, e falta de transparência nas urnas eletrônicas, uma vez que o voto impresso não foi instaurado.
Como os dois argumentos apresentados seriam refutados pela ampla maioria dos ministros do tribunal, a prisão de Moraes era necessária para servir de exemplo na Corte e respaldar o interventor que seria nomeado.
A justificativa é que Alexandre de Moraes teria cometido crimes ao gerar desequilíbrio na disputa pela Presidência da República.
Acusado de fraudar o processo eleitoral e ferir o artigo 14 da Constituição, que versa sobre soberania popular e sufrágio universal, ele seria encarcerado, e uma nova eleição, convocada.
A intervenção no TSE foi discutida por militares e políticos do convívio pessoal de Bolsonaro. Alguns tinham assento no próprio Palácio do Planalto. Outros, na Esplanada dos Ministérios.
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Moras: Brasil viveu “tentativa de golpe”
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, disse nesta quinta-feira (21) que o país viveu uma “tentativa de golpe” no último ano.
Moraes também citou uma “grande crise da democracia” enfrentada pela presidente do STF, ministra Rosa Weber.
“Quero agradecer a liderança da ministra Rosa Weber durante esses últimos 13 meses, principalmente durante essa grande crise contra a democracia, uma tentativa de golpe contra a democracia”, disse Moraes.
O ministro disse ainda que Weber, à frente do Supremo, conseguiu unir os Poderes em prol da democracia.
“A liderança da ministra Rosa Weber uniu todo o Poder Judiciário e os demais Poderes na defesa do que é mais importante para os brasileiros: a democracia, a liberdade de escolher”.
As declarações foram dadas em uma cerimônia no TSE em homenagem a Sepúlveda Pertence, que morreu em julho. Pertence foi presidente do tribunal e procurador-geral da República. A corte inaugurou o Espaço Sepúlveda Pertence ao lado do plenário.
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Foto: Carlos Moura/SCO/STF