Militares se metem em escândalos, cai confiança nas Forças Armadas
Pesquisa do IDDC aponta queda na confiança da população brasileira nas Forças Armadas, possivelmente devido a escândalos e eventos políticos recentes.

Diamantino Junior
Publicado em: 14/09/2023 às 14:44 | Atualizado em: 14/09/2023 às 14:44
A pesquisa “A Cara da Democracia,” conduzida pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação (IDDC) e publicada nesta quarta-feira (13/9), indica uma queda acentuada no nível de confiança da população nos militares das Forças Armadas.
Em setembro de 2022, 27% das pessoas afirmavam confiar nas Forças Armadas, mas este ano, apenas 20% mantêm essa confiança na instituição. Quanto àqueles que expressam uma confiança “mais ou menos” nas Forças Armadas, o número subiu de 30% para 33%.
A percepção negativa da população brasileira em relação à credibilidade das Forças Armadas pode ter sido influenciada pelos recentes escândalos envolvendo militares da ativa e da reserva.
Um exemplo notável é o caso do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que está sendo investigado por seu envolvimento em tentativas ilegais de venda de joias e artigos de luxo nos Estados Unidos.
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Além disso, o governo Bolsonaro mobilizou setores das Forças Armadas e o Ministério da Defesa em ações controversas relacionadas à segurança das urnas eletrônicas, alimentando temores de conspiração golpista.
Após a vitória eleitoral do presidente Lula, seguidores de Jair Bolsonaro acamparam em frente a quartéis do Exército, pedindo intervenção militar para alterar o resultado das eleições e promover um golpe de Estado.
Esses eventos contribuíram para minar a confiança pública nas Forças Armadas.
Mauro Cid
Militares de alta patente das Forças Armadas estão considerando a possibilidade de que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, tenha iniciado negociações para uma potencial delação premiada.
A intenção seria revelar os eventos ocorridos no Palácio do Planalto nos últimos quatro anos.
Esse movimento surge como uma maneira de mitigar as tensões causadas pelo governo Bolsonaro, que afetaram significativamente as Forças Armadas, de acordo com informações do jornalista Valdo Cruz em sua coluna no G1.
As altas esferas do Ministério da Defesa e do Comando do Exército indicam que as Forças Armadas estão enfrentando uma crise pública e que a revelação dos possíveis envolvidos em irregularidades e atos subversivos através da delação de Mauro Cid seria uma forma de superar a crise.
Um representante do Ministério da Defesa enfatiza a necessidade de identificar os responsáveis para um julgamento adequado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Após trocar de advogado, Mauro Cid, representado por Cezar Bittencourt, expressou sua disposição para cooperar nas investigações da Polícia Federal.
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Foto: Lula Marques/Agência Brasil