‘Nem Lula nem Bolsonaro’, filha de Cid queria intervenção militar
Filha de Mauro Cid foi gravada discutindo a possibilidade de intervenção federal para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com outras revelações relacionadas à política brasileira.

Diamantino Junior
Publicado em: 13/09/2023 às 11:11 | Atualizado em: 13/09/2023 às 11:11
Uma das filhas de Mauro Cid foi gravada em um áudio de novembro, onde conversava com um amigo sobre como evitar que Luiz Inácio Lula da Silva tomasse posse após vencer a eleição. Nessa conversa, ela afirmou que a única alternativa viável seria uma “intervenção federal”.
Na mensagem, a filha de Cid mencionou diferentes cenários para impedir a posse de Lula. Ela argumentou que o “artigo 142” e a “intervenção militar” não seriam meios adequados para manter Bolsonaro no poder de acordo com os procedimentos formais. Em contraste, a “intervenção federal” atenderia plenamente às expectativas.
Ela então explicou o que é o artigo 142: “Não, não é o artigo 142. É uma intervenção federal. Os militares não assumem o governo, apenas ocupam as ruas. Assim, o presidente, no caso, Bolsonaro, permaneceria no cargo. É isso. Amém. Tudo fica tranquilo.”
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A filha de Cid, que é menor de idade e não está sendo investigada, justificou essa alternativa, afirmando: “Outra coisa que muitas pessoas mencionam é o artigo 142. Mas, sabe, o artigo 142 não pode ser colocado em prática, a menos que ocorra uma desordem. Foi uma eleição democrática, baseada no voto. Não há como aplicar isso.”
O amigo concordou com a ideia de intervenção federal, dizendo: “Entendi. Isso seria ótimo.” E a filha de Cid concordou: “Sim.”
Em outro áudio, ela quase revelou que seu pai trabalhava como ajudante de ordens de Bolsonaro: “Quer dizer, como vou te explicar? Meu pai… uma pessoa que trabalha muito próximo, ocupa um cargo nesse meio político e está sempre ao lado de Bolsonaro. E ele nos diz em casa que recentemente, durante essa eleição, Bolsonaro estava muito mal, passava a maior parte do tempo na cama. Ele realmente dedica sua vida ao Brasil. Quase perdeu a vida, sério… enfim.”
Eles também discutiram a possibilidade de fraude nas urnas, com a filha de Cid expressando suas dúvidas: “O que achei estranho foi que apenas Lula estava subindo nas pesquisas. Bolsonaro não estava avançando de forma alguma, entende? Chegou a um ponto em que só Lula estava subindo. Não sei… não tenho certeza sobre essa história de fraude… estava com medo, mas me surpreendeu.”
Esses áudios, obtidos durante uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no final do mandato de Bolsonaro, envolvem a filha de Cid, que tem 15 anos, e, portanto, a identidade dela foi preservada.
Em outra troca de mensagens, desta vez com uma amiga, a filha de Cid comentou seu desgosto em relação aos eventos de 8 de janeiro: “Estou enojada, sério. Estou reconsiderando tudo.”
Sua amiga respondeu: “Essas pessoas extremistas só pensam em si mesmas! Todo mundo teve o direito de votar. Se um lado venceu, é preciso respeitar! Lula NÃO é o melhor candidato, mas fazer isso não vai mudar NADA.”
A filha de Mauro Cid concluiu: “Sim! Acho que nem Lula nem Bolsonaro deveriam ser presidentes.”
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Foto: Roque de Sá/Agência Senado