Coronel da segurança de Lula era golpista do grupo de Cid
Isso intensificou disputas e dúvidas sobre a responsabilidade pela segurança presidencial. O GSI nega envolvimento ativo do membro em discussões do grupo.

Diamantino Junior
Publicado em: 25/08/2023 às 12:03 | Atualizado em: 25/08/2023 às 12:03
A recente apreensão do telefone celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelou uma conexão inesperada entre a equipe de segurança do presidente Lula (PT) e atividades golpistas.
A Polícia Federal (PF) desvendou que um membro da equipe de segurança do presidente Lula estava envolvido em um grupo de WhatsApp composto por militares da ativa que promoviam abertamente pregações golpistas, defendendo um possível golpe de estado e lançando ameaças ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo informações obtidas pela jornalista Andréia Sadi, do g1, o tenente-coronel André Luis Cruz Correia, que fazia parte desse grupo, estava entre os membros do grupo de Cid. Isso levou a Polícia Federal a levar o assunto ao Palácio do Planalto, resultando na exoneração de Correia.
André Luis Cruz Correia, subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), tinha um papel importante na segurança direta de Lula e chegou a acompanhar o presidente em viagens, incluindo uma à Bélgica.
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A revelação sobre a participação de Correia no grupo de WhatsApp com propósitos golpistas gerou um aumento das tensões entre a Polícia Federal e o GSI.
Enquanto a PF defende que a segurança presidencial seja de sua competência desde 2022, o presidente Lula optou por um modelo híbrido com o GSI no comando para evitar conflitos com os militares.
No GSI, o episódio envolvendo Correia é visto como mais um capítulo na disputa em curso.
Alguns membros do órgão alegam que Correia não deve ser julgado apenas pela sua associação ao grupo, uma vez que não está claro se ele teve um papel ativo nas discussões.
No entanto, os investigadores da PF estão céticos em relação a mais um episódio que amplia a desconfiança em relação ao GSI, que já teve membros envolvidos nos eventos de 8 de janeiro.
Para a Polícia Federal, o fato de um segurança responsável pela proteção do presidente estar ligado a um grupo com intenções golpistas é uma questão extremamente séria e preocupante.
Há também informações de que Correia teria pedido ajuda a Cid para conseguir uma transferência da Bahia para Brasília, pedido que teria sido atendido.
Porém, o GSI nega que tenha sido um pedido de ajuda, mas sim uma consulta sobre vagas disponíveis na capital federal. Essa comunicação teria ocorrido em março deste ano, após os eventos de janeiro. A nomeação de Correia para a segurança de Lula só ocorreu no final de março.
O ministro do GSI, General Marcos Antonio Amaro dos Santos, confirmou a saída de Correia da equipe de segurança presidente.
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Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil