CPI dos golpistas quer quebra de sigilos do presidente do PL

A relatora Eliziane Gama propõe medidas importantes para investigar possíveis ligações entre empresários e atos golpistas.

Diamantino Junior

Publicado em: 22/08/2023 às 13:04 | Atualizado em: 22/08/2023 às 13:47

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os Atos Golpistas deve tomar decisões cruciais nesta terça-feira (22/8), incluindo a aprovação de novas quebras de sigilo e convocações para depoimentos. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, planeja propor as seguintes quebras de sigilo:

General Mauro Lourena Cid – sigilo bancário e relatório de inteligência financeira do Coaf.

Presidente do PL, Valdemar Costa Neto – sigilo telemático.

Deputada Carla Zambelli – relatório de inteligência financeira do Coaf e sigilo telemático.

Ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira – sigilo telemático.

Eliziane Gama também tem a intenção de solicitar novos depoimentos, incluindo a reconvocação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

No entanto, ela planeja agendar esses depoimentos apenas após analisar novos dados, como resultados das quebras de sigilo bancário e progresso das investigações da Polícia Federal (PF).

Além disso, Eliziane Gama considera colocar em votação um requerimento de quebra de sigilo do advogado Frederick Wassef, que comprou de volta o relógio vendido por Cid e que havia sido presenteado à Presidência. Ela acredita que essas informações são essenciais para confirmar a ligação entre esses indivíduos e os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.

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Embora não tenha planos de apresentar um requerimento para reter o passaporte do ex-presidente Bolsonaro, como proposto pelo PT, Eliziane Gama está aberta à votação se houver acordo entre os parlamentares.

Dados compartilhados

No futuro, a CPI pode também solicitar que a Polícia Federal compartilhe com a comissão os dados bancários do ex-presidente Bolsonaro, a fim de verificar se os recursos provenientes da venda de joias recebidas como presentes oficiais foram direcionados para suas contas bancárias, o que poderia configurar lavagem de dinheiro.

A CPI, que inicialmente teve dificuldades, agora dispõe de dados que podem contribuir para elucidar tanto o planejamento e financiamento dos atos golpistas, quanto possíveis esquemas de corrupção no governo Bolsonaro.

Em paralelo, a Polícia Federal conseguiu acessar os celulares do advogado Frederick Wassef e do general Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid.

As senhas desses aparelhos já foram identificadas pelos peritos, da mesma forma que ocorreu com os quatro celulares de Wassef.

A investigação considera o celular do pai de Mauro Cid uma peça-chave, devido à amizade entre ele e o ex-presidente Bolsonaro, que estudaram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras e Bolsonaro nomeou o general para um cargo na Apex em Miami.

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado