Existe vida racional depois das eleições de 2022
Para o sociólogo Lúcuio Carril, ainda há quem divida o Brasil em esquerdopatas e bolsominions. Gente à procua de um corpo político para vive

Ednilson Maciel, por Lúcio Carril*
Publicado em: 15/08/2023 às 16:56 | Atualizado em: 15/08/2023 às 16:58
Ainda vejo muita gente que fez campanha para o Lula – principalmente gente de esquerda – que insiste em viver como se as eleições não tivessem acabado e o Lula ganhado.
Gente que ainda divide o Brasil em esquerdopatas e bolsominions, como se tivesse tratando de uma nova espécie viva não-racional, sem célula, à procura de um corpo político para viver.
Não raramente, vejo companheiros e companheiras fazendo marcação de espaço a partir do voto ou do apoio de determinado indivíduo ao traste do Bolsonaro em 2022.
- Não vou lá porque votou no genocida.
- Não vou falar com ele porque votou no ladrão de joia.
E assim a vida se torna uma eterna disputa entre o tico e o teco.
No meu entendimento, há vida depois das eleições de 2022. E vida com esperança, com cultura, com um presidente terno, com um país que aos poucos volta a sorrir.
Querer fazer perdurar um clima eleitoral no pós-eleição só interessa à força política que perdeu. Para quem ganhou, o que importa é mostrar aos incautos que votaram no ladrão de joia que o Brasil está melhorando e que todos terão políticas públicas para atendê-los, sejam pobres, gente das classes médias e que para os ricos, o sistema de lucro permanece o mesmo.
Aquele que chamamos de bolsominion não é nosso inimigo, nem adversário. É apenas um alienado ou um indivíduo equivocado na sua visão de política e de mundo, que precisamos ganhá-lo para o projeto de construção de um Brasil mais justo.
Nossa disputa é com os bolsonaristas, aquele estrato social e político que vota e apoia sabendo do mal que está fazendo. Esse é nosso adversário e, muitas vezes, nosso inimigo.
Temos que fazer esse discernimento para não seguir numa conduta que mais parece de perdedor e não de quem ganhou a eleição.
Um Brasil dividido ao meio só interessa à direita.
*O autor é sociólogo
Foto: Agência Brasil