Como no sul do AM, gado é criado em área ambiental no PA
Reportagem revela a invasão de uma reserva biológica por grileiros e a venda impune de animais criados ilegalmente.

Diamantino Junior
Publicado em: 31/07/2023 às 10:50 | Atualizado em: 31/07/2023 às 10:50
Uma extensa operação que se estendeu por quase dois meses na região amazônica teve como alvo a criação de gado ilegal em uma reserva biológica. As investigações revelaram que grileiros invadiam sistematicamente a área protegida e desmatavam para abrir espaço para a criação dos animais.
O repórter Victor Ferreira esteve presente na região e expôs não apenas os crimes ambientais, mas também a exploração de pessoas em condições de trabalho análogo à escravidão.
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A Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, no Pará, criada em 2005 com o objetivo de proteger centenas de mananciais que abastecem os importantes rios Xingu e Tapajós, foi alvo das equipes do Fantástico e da Globonews, que sobrevoaram a região.
Documentos obtidos pelo Fantástico revelaram guias de trânsito de animais, documentos obrigatórios para o transporte de gado, comprovando que bois criados ilegalmente na reserva estavam sendo vendidos impunemente.
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A equipe de reportagem flagrou uma área dentro da reserva biológica completamente ocupada por bois e acompanhou a operação do ICMBio para apreender e retirar o gado da área de proteção ambiental.
Multas foram aplicadas aos proprietários locais e a situação de fazendas como Sossego, Banhado Grande e Barro Duro, que se encontram dentro da reserva e têm áreas ocupadas por grileiros, foi exposta.
Além disso, foi constatado que os vaqueiros contratados para cuidar do gado trabalhavam com o rosto coberto, e os caminhoneiros pagos para transportar os animais foram ameaçados em grupos de mensagem. Os criminosos ainda destruíram pontes para dificultar a retirada do gado ilegal.
A equipe de reportagem também registrou a condição precária em que uma família oriunda do Maranhão trabalhava na fazenda Santo Antônio, também situada na reserva. Eles conviviam com o gado em condições desumanas, inclusive consumindo a água destinada aos animais.
Em resposta à investigação, a Prefeitura de Altamira afirmou que qualquer irregularidade cometida por servidores será apurada, e os envolvidos podem ser exonerados.
A subprefeita Sandra foi multada em R$ 2,8 milhões pelo ICMBio por criar gado ilegalmente na reserva, mas até o momento não respondeu às mensagens enviadas em busca de esclarecimentos.
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Foto: divulgação/Ibama