Operação Lava Jato: ‘Moro de saia’ é tirada da vara de Curitiba
Essas mudanças no quadro de magistrados têm impacto significativo na condução dos processos judiciais e na distribuição de trabalho nas respectivas varas.

Diamantino Junior
Publicado em: 19/06/2023 às 13:59 | Atualizado em: 19/06/2023 às 13:59
Nesta segunda-feira (19), uma nova configuração ocorreu na jurisdição judicial no Paraná. O juiz federal Fábio Nunes de Martino, da 1ª Vara Federal de Ponta Grossa, assumiu a posição principal, enquanto o juiz substituto Murilo Scremin Czezacki, da 2ª Vara Federal de Cascavel, assumiu como substituto.
Além disso, a juíza federal Gabriela Hardt foi designada para a 3ª Turma Recursal do Paraná, ocupando o lugar da juíza Graziela Soares, que foi convocada para atuar na Corregedoria Regional da 4ª Região. Gabriela Hardt deixa a vara que cuida dos processos da Lava Jato.
Essas mudanças no quadro de magistrados têm impacto significativo na condução dos processos judiciais e na distribuição de trabalho nas respectivas varas.
Gabriela Hardt é uma juíza federal paranaense, natural de São Mateus do Sul, cidade localizada a 150 quilômetros de Curitiba.
Ela cresceu em uma região com influência da indústria petrolífera, pois seu pai trabalhava em uma unidade da Petrobrás localizada na cidade. Gabriela é formada em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde também foi aluna do ex-juiz e atualmente senador Sérgio Moro, conhecido por sua atuação na Operação Lava Jato.
A trajetória de Gabriela Hardt inclui períodos de atuação como substituta de Sérgio Moro durante os processos da Operação Lava Jato.
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Ela ganhou destaque nacional ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do sítio de Atibaia em 2019. No entanto, essa decisão acabou sendo anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A juíza também foi acusada de plagiar uma sentença de Sérgio Moro nesse mesmo processo. Gabriela negou as acusações, alegando que é comum que juízes federais utilizem trechos de decisões anteriores como referência em seus próprios documentos, mas enfatizou que a fundamentação e os fatos narrados eram diferentes na sentença por ela redigida.
Antes de sua nomeação para a 3ª Turma Recursal do Paraná, Gabriela Hardt já havia desempenhado outras funções importantes na Justiça Federal. Ela foi nomeada juíza substituta na 13ª Vara Federal e assumia os trabalhos quando Sérgio Moro estava ausente por motivos como férias. Durante uma dessas ocasiões, em maio de 2018, Gabriela ordenou a prisão do ex-ministro José Dirceu, que posteriormente obteve um habeas corpus do STF.
Em novembro de 2018, quando Sérgio Moro deixou a magistratura para assumir o cargo de ministro do governo Bolsonaro, Gabriela Hardt assumiu interinamente o cargo de titular da 13ª Vara Federal.
Durante esse período, ela também foi responsável por reconhecer a legalidade das palestras proferidas pelo presidente Lula para empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, e também liberou parte dos valores bloqueados.
No entanto, a carreira de Gabriela Hardt enfrentou desafios. Ela solicitou remoção para a jurisdição de Florianópolis, em Santa Catarina, mas teve seu pedido negado em junho de 2022 devido à candidatura de um juiz com mais tempo de magistratura à mesma vaga.
A nova atribuição de Gabriela Hardt na 3ª Turma Recursal do Paraná implica em uma mudança significativa em sua atuação, envolvendo questões processuais em instâncias de recurso.
Foto: divulgação