Semana do Meio Ambiente: apelo pela mudança de hábitos

O artigo de Marcellus Campelo aponta que são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico, por ano, em todo o mundo.

Ednilson Maciel, marcellus Campêlo*

Publicado em: 07/06/2023 às 09:09 | Atualizado em: 07/06/2023 às 09:09

O alerta deste ano, pelo Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de Junho), é a poluição plástica, tema que embala (literalmente) as ações durante toda a semana. A preocupação tem muito sentido. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico, por ano, em todo o mundo. Um terço desse material é usado uma única vez e apenas 10% é reciclado.

Todos os dias são despejados nos rios e oceanos o equivalente a dois mil caminhões de lixo plástico, disse em mensagem de vídeo sobre a data, o secretário-geral da ONU, António Guterres. Ele aponta para consequências catastróficas, como o agravamento da crise climática, já que o plástico é feito de combustíveis fósseis e leva mais de 400 anos para se decompor na natureza. Quando isso ocorre, libera gases de efeito estufa, poluindo o meio ambiente e contribuindo pesadamente para o aquecimento global.

Na esteira do tema deste ano, vem junto outras tantas preocupações que devemos ter com a preservação do planeta. Muitas vezes até questionamos se os apelos têm surtido efeito, mas sim, a questão ambiental está cada vez mais presente na vida das pessoas, nas escolhas que são feitas no dia a dia. Não resta dúvida. O que precisamos, agora, é dar um passo largo à frente, em direção a soluções efetivas, não somente por parte dos governos, no mundo, mas das empresas e do cidadão, mudando hábitos e cobrando os seus direitos como consumidor.

No Amazonas, destaco dois exemplos, no âmbito da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Serdurb), que têm dado grandes resultados em ganhos ambientais. São eles: o Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+) e o Ilumina+ Amazonas. Executados pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão vinculado à Sedurb, os dois programas estão inteiramente conectados à agenda global de sustentabilidade ambiental e alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O Prosamin+ está reflorestando uma área de 110.521,40 m² em Manaus. Um dos grandes objetivos do projeto de reflorestamento empregado no programa é criar um corredor verde, ligando duas unidades de conservação muito importantes: as Áreas de Preservação Ambiental (APA) Floresta Manaós, no Aleixo, centro-sul, e Sauim Castanheiras, no Puraquequara, zona leste. Estão sendo utilizadas, para isso, 15,5 mil mudas de espécies nativas da região.

Esta é a primeira vez, em 16 anos de programa, que a recuperação arbórea vai além do paisagismo, nas áreas contempladas pelo Prosamin. E o reflorestamento, nós sabemos, é uma ação de extrema importância, por contribuir para a diminuição de gás carbônico na atmosfera, melhorando a qualidade de vida da população do entorno.

Na outra ponta, com o Ilumina+ Amazonas, o Governo do Estado inova e contribui também com o meio ambiente. O programa, lançado pelo governador Wilson Lima em maio do ano passado, está promovendo a modernização da iluminação pública do interior, substituindo as lâmpadas de vapor de sódio, de mercúrio, mistas ou fluorescentes, por luminárias de LED, mais modernas e que não utilizam na composição metais pesados. Com isso, ajuda a diminuir a poluição, com a redução das emissões de carbono. Já são 32 municípios beneficiados com o programa, uma contribuição para a população dessas cidades, mas sobretudo, para o planeta.

O plástico é feito de combustíveis fósseis e leva mais de 400 anos para se decompor na natureza. Quando isso ocorre, libera gases de efeito estufa

Temos muitos outros exemplos que vêm sendo praticados nos outros órgãos do estado e uma atuação destacada da Secretaria de Meio Ambiente. Várias frentes estão sendo atacadas e os avanços já são sentidos. Um deles vem muito ao encontro do tema deste ano da Semana do Meio Ambiente. Trata-se da implantação da lei estadual que proíbe, no Amazonas, a venda de sacolas plásticas descartáveis, que não sejam biodegradáveis, nos estabelecimentos comerciais.

Não foi fácil, mas a adesão das empresas já vem ocorrendo, os órgãos de fiscalização têm atuado fortemente e o cidadão começa a fazer da ecobag a sua companheira de compras, além de estar mais afiado para fazer suas escolhas de consumo. A união de esforços tem feito a diferença e o cenário vem sendo modificado.

Entendemos que não há mais como voltar atrás, mas é preciso acelerar o passo. As soluções estão postas e temos plena consciência dos movimentos que devem ser feitos para minimizar o impacto da ação do homem sobre o meio ambiente. É um caminho que passa pela adoção dos 5 R’s da sustentabilidade: repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar. Um exercício que deve ser feito por todos e todo dia.

*Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Amazonas