Maduro é lembrado na visita ao país pelo socorro do oxigênio a Manaus

Em meio a críticas de bolsonaristas nas redes, venezuelano é citado pela ajuda que Bolsonaro negou

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 29/05/2023 às 18:06 | Atualizado em: 29/05/2023 às 22:59

O encontro do presidente Lula da Silva (PT) com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira (29), no Palácio do Planalto, está nos assuntos mais comentados do Twitter.

Em meio às críticas de perfis bolsonaristas que acusaram o presidente venezuelano de ditador, as respostas vinham sempre com a lembrança de que foi Maduro quem ajudou Manaus na pior crise da pandemia da covid-19.

“OBRIGADO, Maduro, por enviar oxigênio pra Manaus quando o governo Bolsonaro se recusou. Maduro salvou milhares de brasileiros, só não salvou mais porque Bolsonaro não permitiu que os cilindros chegassem de avião”, disse o influenciador Thiago dos Reis.

Não faltaram imagens e matérias sobre os cinco caminhões com oxigênio que chegaram na capital amazonense, em janeiro, vindo do país vizinho.

Em meio à repercussão nas redes sociais, Lula postou:

“O preconceito com a Venezuela é muito grande. Na campanha, havia muitos discursos contra a Venezuela. Diziam que o Brasil iria virar Venezuela, enquanto, na verdade, só queremos que o Brasil seja Brasil”.

O senador Plínio Valério (PSDB), por exemplo, reforçou a ação dos perfis que criticaram a visita. Ele retuitou uma postagem do deputado federal Junio Amaral (PL-MG), na qual acusa de crimes o presidente venezuelano.

“AGORA: Lula recebe, no Palácio do Planalto, um narcoditador e terrorista acusado de crimes contra a humanidade pela ONU e que é procurado em diversos países”, diz a postagem.

“Os problemas internos de cada país devem ser resolvidos localmente. Maduro enviou oxigênio para Manaus no auge da crise da epidemia. O tal Guaidó, outro golpista apoiado pelo bolsonarismo, pelo Trump e pela União Europeia se escafedeu. As vendas de petróleo venezuelano continuam”, disse o sociólogo Ricardo Oliveira, professor de sociologia da Universidade Federal do Paraná.

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Comércio

De acordo com a Presidência da República, os dois chefes de Estado vão tratar de temas das agendas regional, a exemplo da integração sul-americana e da cooperação amazônica, e multilateral, notadamente no que se refere aos temas de paz e segurança e mudança do clima

O comércio bilateral alcançou cerca de US$ 1,7 bilhão em 2022, com exportações brasileiras de US$ 1,3 bilhão e importações de quase US$ 400 milhões.

“Vale recordar que o intercâmbio entre os dois países chegou a alcançar US$ 6 bilhões em 2013, o que demonstra o potencial da relação e enseja o aprofundamento do diálogo com vistas à retomada das parcerias econômicas, da complementariedade de cadeias produtivas e da remoção de obstáculos ao comércio”, diz nota do governo.

Foto: Ricardo Stuckert/divulgação