Apoio ao projeto das fake news lembra 35 crianças mortas em escolas
Manifestação acontece no dia da possível votação do projeto na Câmara dos Deputados

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 02/05/2023 às 14:08 | Atualizado em: 02/05/2023 às 16:19
O movimento cívico Avaaz, com 19 milhões de membros no Brasil, colocou em exposição nesta terça-feira (2), em frente ao Congresso Nacional, 35 mochilas para homenagear as 35 vítimas que morreram em massacres em escolas no país desde 2012.
A manifestação acontece no dia da possível votação do projeto das fake news (2630/2020) que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.
Entre outros pontos, o relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), defende que os provedores tenham representação jurídica no país e sejam responsabilizados pelas informações falsas de contas-robô divulgadas por terceiros (impulsionadas por pagamentos).
Além disso, determina as plataformas que produzam relatório de transparência e de identificação de todos os conteúdos impulsionados e publicitários; regras de proteção para crianças e adolescentes; remuneração pelo conteúdo jornalístico; e estende a imunidade parlamentar às redes sociais.
De acordo com a Avaaz, trata-se do primeiro projeto de lei da história do Brasil com o objetivo de regular os danos causados pelas plataformas de redes sociais.
“Esta lei é sobre proteção. É sobre proteger nossos filhos e filhas de massacres, nossas famílias da polarização, nossa democracia de ataques e a nossa saúde de notícias falsas. É para todos os brasileiros e brasileiras que os parlamentares devem aprovar o projeto de lei 2630/2020”, disse Laura Moraes, diretora de campanhas da Avaaz.
Para a organização, a falta de regulação das redes sociais já demonstrou ser perigosa. “Os recentes ataques em escolas no Brasil foram incentivados por publicações que os estimulavam nas redes sociais”.
Além disso, explicou a Avaaz, estudos mostram uma forte correlação entre o uso das redes sociais e transtornos mentais entre adolescentes.
“Atualmente, no Brasil, ninguém tem o poder de monitorar as plataformas de redes sociais, responsabilizá-las por suas ações e garantir que elas não causem danos à sociedade”, lembrou.
A situação chegou ao ponto do Twitter se recusar a retirar do ar os perfis que justificavam os ataques em escolas.
“Quando questionado por jornalistas sobre essa decisão, o Twitter respondeu apenas com um emoji de cocô”, lembrou a entidade.
Na avaliação da organização, caso o PL 2630 seja aprovado da forma como está atualmente, ele vai trazer mais honestidade, transparência e responsabilidade para as redes sociais.
“As plataformas terão que responder pelos perigos que seus serviços apresentam à sociedade, se comprometer com melhorias concretas, reportar publicamente seus sucessos e fracassos, e enfrentar consequências caso não tomem atitudes quando necessário”, considerou.
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Pesquisa
A entidade também divulgou uma pesquisa indicando que 93,7% dos brasileiros e brasileiras acreditam que as redes sociais não são seguras para crianças e adolescentes, e uma ampla maioria acha que a falta de regulação contribuiu para os recentes ataques nas escolas.
Mais 78% querem uma lei para regulamentar as redes sociais; 74% acham que a falta de regulação contribuiu para os recentes ataques em escolas em vários estados do país;73,8% dos evangélicos e 78,4% dos católicos são a favor da regulação das redes sociais; e 61% dos eleitores de Bolsonaro também defendem a regulação.
Foto: divulgação