Alckmin já fez dezenas de encontros, mas indústria da ZFM é esquecida

O vice também participou de audiências com ao menos 23 parlamentares e ex-parlamentares e com 14 ministros ou ex-ministros.

Diamantino Junior

Publicado em: 13/02/2023 às 09:50 | Atualizado em: 13/02/2023 às 09:50

Levantamento do portal Metrópoles, com base na agenda oficial, mostra que, em pouco mais de 40 dias, o o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), teve encontros com ao menos 19 organismos que representam o empresariado.

O vice de Lula só não tratou, até o momento, da questão Zona Franca de Manaus (ZFM).

Em menos de dois meses de governo, ele teve agendas com parlamentares, ministros, governadores, entidades de organismos empresariais e representantes de outros países.

O vice também participou de audiências com ao menos 23 parlamentares e ex-parlamentares e com 14 ministros ou ex-ministros.

O ex-governador de São Paulo também se reuniu com representantes de Chile, China, El Salvador, Azerbaijão, União Europeia e Estados Unidos.

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Mesmo que Alckmin tenha assumido um cargo de interlocução mais voltado à indústria e ao empresariado, ele também tem tido papel muito relevante no diálogo com a oposição.

Filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde o ano passado, o vice-presidente já se reuniu com políticos de 10 partidos neste ano. O número representa quase 1/3 do total de legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) (32).

Militares

As agendas com militares também foram frequentes, uma vez que Alckmin assumiu a interlocução com a categoria desde a transição. Entre 2 de janeiro e 10 de fevereiro, o vice teve encontros públicos com pelo menos oito militares.

Diferentemente do ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que enfrentou notória dificuldade de diálogo com Jair Bolsonaro (PL), Alckmin mantém encontros frequentes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em pouco mais de um mês, eles se reuniram, em média, uma vez a cada 10 dias.

Além do ministro da Defesa, José Múcio, Alckmin se encontrou com nomes como o do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Renato Rodrigues de Aguiar Freire; o comandante do Exército Brasileiro, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva; o comandante da Marinha do Brasil, Marcos Sampaio Olsen, e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno.

Perfil

Com vasta experiência política, Alckmin começou sua trajetória política como prefeito (1977-1982) e vereador de sua cidade natal (1973-1977), Pindamonhangaba, em São Paulo. Em seguida, foi deputado estadual (1983-1987) e deputado federal (1987-1995).

Governou São Paulo em quatro ocasiões. Na primeira (entre 2001 e 2002), foi alçado de vice a governador após a morte de Mário Covas. Depois, foi eleito governador para o mandato de 2003 a 2006 e, posteriormente, comandou o estado em outros dois períodos: de 2011 a 2015 e de 2015 a 2018.

Alckmin e Lula se enfrentaram no segundo turno da eleição presidencial de 2006, quando Lula foi reeleito. Ele também atuou, entre 2017 e 2019, como presidente nacional do PSDB, partido ao qual esteve filiado por 33 anos. O ex-tucano também disputou a eleição presidencial de 2018, ficando em quarto lugar, com 4,7% dos votos válidos.

Nos dois meses em que o Gabinete de Transição de Lula funcionou, Alckmin assumiu a coordenação da equipe e mostrou que deve atuar em mais flancos do que o inicialmente previsto. Ele atuou em linha com os grupos temáticos e, em diversas ocasiões, foi porta-voz de decisões e propostas do governo eleito.

Católico ferrenho, durante a campanha Alckmin também acenou a segmentos religiosos, como evangélicos e os próprios católicos.

Desde criança foi criado pelos preceitos do catolicismo e, frequentemente, é relacionado à Opus Dei, uma prelazia – ou diocese – mais conservadora da Igreja Católica Apostólica Romana, da qual não faz parte.

Leia mais na matéria de Mariana Costa no portal Metrópoles

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil