Amazonas fica sem ministério pela primeira vez desde Collor

A trajetória foi interrompida nesta quinta-feira (29) após Lula anunciar os últimos nomes dos seus 37 auxiliares

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 30/12/2022 às 18:49 | Atualizado em: 30/12/2022 às 19:13

Desde de 1990 com a eleição de Fernando Collor, primeiro presidente eleito pelo voto direito depois da ditadura militar, o Amazonas vinha emplacando ministros nos governos. A trajetória foi interrompida nesta quinta-feira (29) após o presidente diplomado Lula da Silva (PT) anunciar os últimos nomes dos seus 37 auxiliares.

No governo Collor (1990-1992) Bernardo Cabral foi ministro da Justiça; no de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) Arthur Virgílio ocupou o cargo de ministro Chefe da Secretaria-Geral da Presidência; no de Lula (2003-2010) Alfredo Nascimento era ministro do Transporte; e no de Dilma Rousseff (2011-2016) Eduardo Braga foi ministro das Minas e Energia e líder do governo no Senado.

Essa situação pode ser o reflexo direto do resultado das urnas e perda de força política. A melhor posição alcançada por um aliado de Lula no estado foi a reeleição de Omar Aziz (PSD) ao Senado.

Cotado para compor o governo Lula, o senador antecipou ao próprio presidente eleito que não queria assumir cargo em ministério.

Aziz disse que pretende ajudar Lula e o Amazonas no Senado, sendo sua presença no Congresso importante para a defesa da Zona Franca de Manaus.

O partido do senador ainda reelegeu os deputados federais Átila Lins e Sidney Leite, ambos devem formar a base aliada de Lula.

O PSD emplacou também três ministros: senador Carlos Fávaro do Mato Grosso (Agricultura), deputado federal André de Paula de Pernambuco (Pesca) e o senador mineiro Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Na disputa ao governo estadual, o senador Eduardo Braga representou a maior derrota política no estado. Ele entrou na disputa apoiado por Lula e os aliados locais.

Caso fosse eleito, Braga poderia recuperar seu prestigio junto ao presidente eleito. Isso porque no PT nacional ninguém esqueceu o seu voto a favor do impeachment de Dilma.

A Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) também não teve sucesso ao apostar na eleição para deputado federal de José Ricardo (PT) e Vanessa Grazziotin (PCdoB).

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No atual ministério, a região Nordeste foi a que emplacou o maior número de ministros com um total de 12.

Na região Norte, apenas dois: na Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (PDT), ex-governador do Amapá; e nas Cidades Jader Filho (MDB), empresário e presidente do MDB do Pará.

No caso do Amapá, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil) rachou o partido e indicou o aliado Waldez Góes, que deve se filiar à sigla de Alcolumbre.

Além da Integração, os ministérios das Comunicações e do Turismo ficaram com políticos filiados ao União Brasil. Lula vai precisar do apoio do partido no Congresso.

No caso do Pará, Jader Filho é filho do senador Jader Barbalho e irmão do governador reeleito do Pará, Helder Barbalho, ambos do MDB.

O novo ministro das Cidades foi indicado pela bancada do MDB na Câmara na qual entre os 42 parlamentares o Pará possui o maior número de deputados, 9.

Confira a lista dos ministros e seus partidos:

PT : 10 ministros
Fazenda: Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação
Casa Civil: Rui Costa, ex-governador da Bahia
Secretaria das Relações Institucionais: Alexandre Padilha, deputado federal (PT-SP)
Secretaria-Geral da Presidência: Márcio Macêdo, vice-presidente do PT.
Educação: Camilo Santana, ex-governador do Ceará

Mulheres: Cida Gonçalves, ex-vereadora e ex-secretária nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres.

Desenvolvimento Social: Wellington Dias, ex-governador do Piauí.
Trabalho: Luiz Marinho, ex-ministro, ex-prefeito de São Bernardo e presidente do diretório estadual do PT em SP
Desenvolvimento Agrário: Paulo Teixeira (PT-SP), deputado federal indo para seu quarto mandato, vice-presidente do PT e ex-secretário de Transportes da cidade de São Paulo.
Secretaria de Comunicação Social: Paulo Pimenta (PT-SP). Formado em Comunicação Social e jornalismo, foi vereador em Santa Maria, deputado estadual no Rio Grande do Sul, e é deputado federal indo para seu 5º mandato.

MDB: 3 ministros

Planejamento: Simone Tebet (MDB-MS), senadora e candidata à Presidência em 2022, foi prefeita de Três Lagoas.
Cidades: Jader Filho (MDB), é empresário e presidente do MDB do Pará.
Transportes: Renan Filho (MDB-AL). Foi prefeito de Murici por dois mandatos, deputado federal, governador por dois mandatos e eleito senador da República.

PSB: 3 ministros

Portos e Aeroportos: Márcio França, ex-governador de São Paulo
Justiça e Segurança Pública: Flávio Dino, ex-governador do Maranhão
Desenvolvimento, Indústria e Serviços: Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito e ex-governador de São Paulo

União Brasil: 3 ministros

Integração e Desenvolvimento Regional: Waldez Góes, governador do Amapá. Foi deputado e é, pela quarta vez, governador do Amapá.
Turismo: Daniela do Waguinho (União-RJ), deputada federal reeleita, a mais votada do Rio de Janeiro. Ex-Secretária de Assistência Social e Cidadania de Belford Roxo c
Comunicações: Juscelino Filho (União-MA), deputado federal indo para o 3º mandato.

PSD: 3 ministros

Agricultura: Carlos Fávaro (PSD-MS). É fazendeiro, nascido no Paraná foi para o Mato Grosso onde começou em um assentamento da reforma agrária, e hoje é um grande produtor rural. Foi vice-presidente da Aprosoja, vice-governador do Mato Grosso e é Senador pelo mesmo estado.

Pesca: André de Paula (PSD-PE), deputado federal. De Pernambuco, foi vereador, deputado estadual, várias vezes deputado federal, e secretário estadual do Trabalho e Ação Social, da Produção Rural e Reforma Agrária e da Cidades em Pernambuco.

Minas e Energia: Alexandre Silveira (PSD-MG), senador. Foi deputado federal e diretor-geral do DNIT, e secretário estadual em Minas Gerais.

PDT: 1 ministro

Previdência Social: Carlos Lupi, presidente do PDT. Foi deputado Federal, ministro do Trabalho nos governos Lula e Dilma, e é presidente do PDT.

Psol: 1 ministra

Povos Indígenas: Sônia Guajajara (Psol-SP). Da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, formada em letras e enfermagem, pós graduada em Educação Especial e deputada federal. Foi coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e candidata a vice-presidente em 2018 pelo Psol.

PCdoB: 1 ministra

Ciência e Tecnologia: Luciana Santos, presidente do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco

Rede: 1 ministra

Meio Ambiente e Mudança Climática: Marina Silva (Rede-AC), ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente nos governos Lula . Foi eleita deputada, foi senadora e foi candidata a presidente.

Sem atuação partidária: 9 ministros

Defesa: José Múcio Monteiro, ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)

AGU: Jorge Messias, procurador da Fazenda Nacional

Saúde: Nísia Trindade, presidente da Fiocruz

Gestão: Esther Dweck, economista e professora da UFRJ

Cultura: Margareth Menezes, cantora e compositora

Igualdade Racial: Anielle Franco, jornalista e irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada em 2018

Direitos Humanos: Silvio Almeida, advogado

Esportes: Ana Moser. Ex-jogadora de vôlei, fundadora do Instituto Esporte e Educação, atuou nos meus governos na Comissão Nacional de Atletas do Conselho Nacional de Esportes. Participou do Plano de Governo e do Grupo de Transição na área de Esportes.

Gabinete de Segurança Institucional: Marco Edson Gonçalves Dias, general da reserva, chefiou a segurança da presidência nos dois primeiros mandatos de Lula, foi comandante da 6º Região Militar.

O presidente anunciou ainda os nomes dos seus líderes. Na Câmara será o deputado federal José Guimarães (PT-CE); no Senado, o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner (PT-BA) e no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Foto: Arquivo/Agência Brasil