Um sentimento de alívio e a esperança no novo amanhã
'Não foi apenas a vitória do Lula, foi de toda resistência democrática que se manteve por quatro anos'

Mariane Veiga, por Lúcio Carril
Publicado em: 14/11/2022 às 10:06 | Atualizado em: 14/11/2022 às 10:23
Falar das coisas do coração em público não me causa qualquer constrangimento. Pelo contrário, faço desse extravasamento uma resistência humanista e solidária.
Assim posso revelar o quanto me sinto leve e relaxado depois do segundo turno das eleições, a derrota do traste e a vitória da democracia. Sim, não foi apenas a vitória do Lula, foi de toda resistência democrática que se manteve por quatro anos.
Reencontrei nas ruas meus companheiros e companheiras da luta contra a ditadura nas décadas de 70 e 80. Quase todos continuam militando em defesa da justiça social e da solidariedade. Ninguém soltou a mão de ninguém. Se a democracia estiver ameaçada estão de punhos cerrados prontos para protestar. Se a barbárie ameaça nossas relações, entrelaçamos os braços e resistimos juntos.
Esse alívio pós eleitoral tem me deixado também muito mais sensível, choroso e com uma vontade enorme de estar com meus amigos e amigas. Tenho me dedicado muito aos que precisam do meu abraço. Sou de uma classe social com muita gente carente e com a piora da situação social do país vários amigos e amigas ficaram doentes, desempregados ou em situação de vulnerabilidade.
Tudo isto nos afeta, mas agora temos esperança de tempos melhores. Ela está bem ali e nela vamos nos aportar, atracar como quem enfrentou uma forte tempestade.
O horror da barbárie e do desamor não mais nos espreita. Vencemos. No final o amor sempre vence. Vamos reconstruir este país com os melhores valores da humanidade. Nossa parte é ser solidários, ter respeito, tolerância, abraçar, beijar, fazer um cafuné e acreditar nos nossos sonhos.
Não tenhamos vergonha de amar e de falar as palavras de amor. Quando o choro vier, deixe o mundo ver suas lágrimas de gente que chora pelo outro e pela esperança. São coisas do coração e as coisas do coração existem para tornar o mundo mais resistente e feliz.
O autor é sociólogo.
Foto: Ricardo Stuckert