Movimento indígena cria plano aos primeiros 100 dias de Lula

Além do plano, o movimento quer participar do grupo de transição do governo Lula.

Movimento indígena cria plano aos primeiros 100 dias de Lula

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Escrito por Ednilson Maciel

Publicado em: 11/11/2022 às 17:14 | Atualizado em: 11/11/2022 às 17:19

Com seis eixos temáticos, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) elaborou um plano de governança para os primeiros 100 dias do futuro governo de Lula da Silva (PT). O objetivo é recuperar os direitos atacados durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Assim, o documento é resultado do debate de 60 representantes de organizações regionais reunidas Fórum Nacional de Lideranças Indígenas, realizado no último final de semana em Brasília.

São eixos:

  • Direitos Territoriais Indígenas: Demarcação e Proteção Territorial;
  • Reestabelecimento de/ou criação de instituições e políticas sociais para povos indígenas;
  • Retomada e/ou criação de instituições e espaços de participação e/ou controle social;
  • Agenda Legislativa: interrupção de iniciativas anti-indígenas no Congresso e ameaças no judiciário;
  • Agenda ambiental e Articulação e incidência internacional e composição de alianças e parcerias.

No primeiro eixo, por exemplo, o movimento cobra a imediata desintrusão de todas as terras indígenas, invadidas por fazendeiros, grileiros, madeireiros e garimpeiros.

Além disso, propõe a reestruturação de órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Eles querem para os órgãos autonomia, rigor técnico, servidores públicos e dotação orçamentária condizente com as necessidades das ações necessárias à promoção dos direitos indígenas.

O plano, portanto, tem como base a carta aberta do Acampamento Terra Livre 2022 e a proposta “Construindo uma Potência Ambiental” do Observatório do Clima.

“Após o fim do processo eleitoral, há uma avaliação superpositiva do movimento indígena. Tivemos em pauta durante a campanha e agora é essencial que o próximo governo entenda a importância de ter um diálogo próximo do movimento”, diz Kleber Kariupuna, coordenador executivo da Apib.

Dessa forma, o líder entende que o movimento poderá avançar ainda mais e contribuir com as políticas indigenistas brasileiras. “Estamos juntos para ajudar a enfrentar tudo o que foi sucateado no nosso país e a Apib quer colaborar com o governo de transição e com Lula a partir de 1º de janeiro”, disse.

Durante os últimos quatro anos vimos a política indígena e ambiental brasileira ser desmontada. Queremos a revogação das leis e a paralisação dos PLs que nos atacam e incentivam a invasão dos territórios ancestrais. Queremos ser ouvidos e consultados, algo que está previsto na Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e não foi respeitado por Bolsonaro, afirmou a coordenadora executiva da Apib, Eunice Kerexu.

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Transição do governo

Além do plano, o movimento quer participar do grupo de transição do governo Lula. Para isso, a Apib enviou uma carta a Geraldo Alckmin, vice-presidente da República eleito e Coordenador da Comissão de Transição do Governo Lula, indicando três lideranças indígenas que podem compor o governo de transição.

Foto: Ricardo Stuckert/PT