Alerta da ONU pede urgência nas decisões
No Amazonas, há uma grande preocupação em torno dos fenômenos das enchentes e estiagens

Ferreira Gabriel, Marcellus Campêlo*
Publicado em: 02/11/2022 às 13:54 | Atualizado em: 02/11/2022 às 13:54
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou novo relatório, que deve servir de alerta para o mundo e pautar as discussões a serem tratadas na Conferência do Clima, que será realizada este mês, no Egito.
De acordo com o relatório da ONU, a maioria dos países signatários do Acordo de Paris, assinado em 2015, não cumpriu as metas dos acordos climáticos que foram firmados. As medidas tomadas ainda são insuficientes para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, como é recomendado.
Para cumprir o Acordo de Paris, os países devem reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa, até 2030. Hoje, conforme alerta a ONU, ainda não estão nem perto desse patamar e, mais, caminham no sentido contrário e preocupante. Segundo o relatório, do jeito que está, o aquecimento do planeta atingirá 2,5ºC até 2100, o que poderá causar períodos de secas e de queimadas jamais vistos na história.
Todos sofrerão as consequências, mas os efeitos maiores, com certeza, serão sobre os países mais pobres, aprofundando, assim, as desigualdades no planeta.
E não será preciso esperar até 2100. As respostas a esse descaso já estão ocorrendo hoje, com o aumento acima do normal das tempestades, inundações, enchentes e ondas de calor, em especial em países tropicais. A tendência é que esses problemas cresçam ainda mais e a grande preocupação é o impacto que terão sobre a produção de alimentos no mundo.
O alerta na Conferência do Clima, no Egito, deverá ser para que os governos estabeleçam planos efetivos, que possam resultar na contenção dos problemas ambientais e climáticos. E que essas ações sejam implementadas com a máxima urgência.
No Amazonas, nesse contexto, há uma grande preocupação em torno dos fenômenos das enchentes e estiagens, levando-se em conta essa perspectiva das dificuldades para conter o aquecimento global no planeta. Enfrentamos uma cheia severa e, agora, os indícios são de uma seca igualmente preocupante.
Oito municípios amazonenses já decretaram situação de emergência em decorrência da vazante dos rios, fenômeno que tem provocado o isolamento de algumas comunidades e que já atinge quase 112 mil pessoas. Os municípios em emergência são Tefé, Benjamin Constant, Uarini, Japurá, Alvarães, Maraã, Coari e Amaturá, localizados nas calhas do Solimões e Médio Solimões. Com os decretos homologados pela Defesa Civil do Estado passam a ter acesso aos recursos públicos para enfrentamento da crise e receber a ajuda necessária. Mais 26 municípios encontram-se em situação de atenção e 25 em alerta, conforme levantamento da Defesa Civil do Amazonas (dados do dia 31 de outubro).
A estiagem e as enchentes não são fenômeno novos na região. Ocorrem sazonalmente. Mas, não resta dúvida que poderão ter seus efeitos agravados, com o persistente aumento das emissões de gases de efeito estufa e do aquecimento global.
As ações precisam vir de todos os lados e em especial dos países mais ricos. O futuro já se desenha aqui e agora!
*O autor do artigo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico.