Entre a civilização e a barbárie
Leia o artigo do sociólogo Lúcio Carril, que afirma: "A eleição é um momento dessa percepção".

Ednilson Maciel, por Lúcio Carril*
Publicado em: 05/10/2022 às 12:07 | Atualizado em: 05/10/2022 às 12:07
O mundo não tem sido um bom exemplo de humanidade. Saímos da idade das trevas e construímos uma razão para justificar todas atrocidades contra a vida e contra a dignidade humana. Assim foram criadas duas grandes guerras e o genocídio se tornou uma ferida na nossa história. Povos inteiros foram dizimados e o processo civilizatório caminha triste pelas esquinas ensanguentadas.
Mas continuamos acreditando na humanidade e aquele humanismo que flertava com o individualismo já cresce numa versão coletiva, que pensa na dignidade do homem e da mulher. Também ousamos duvidar da razão instrumental e da sua capacidade de construção de um mundo melhor e passamos a ter o entendimento que todo conhecimento e sabedoria é imprescindível para edificação de uma nova sociedade, fundada no respeito e na coexistência de suas várias culturas.
É isso que está em jogo no Brasil de hoje.
A eleição é um momento dessa percepção. Temos que escolher entre seguir construindo nossa civilização, enfrentando nossos fantasmas e os exorcizando, ou chafurdar no lamaçal do barbárie, mergulhando nas piores experiências da história.
É a segunda vez que o povo e a sociedade brasileira são postos diante de escolha tão dramática. Não se trata de uma simples eleição ou troca de presidente, mas de uma decisão fundamental que indicará um futuro para ampliar o processo civilizatório ou aderir às piores experiências da humanidade.
Está em jogo o destino não somente de um modelo de sociedade, mas a construção do homem e da mulher deste país. Nossos filhos é que sofrerão as nossas escolhas. Se a opção for pela barbárie, serão homens e mulheres amedrontados por todo tipo de violência, receosos da crítica e da reflexão, reféns do medo e da ignorância coletiva.
Não temos que seguir essa trilha difícil. Precisamos continuar desafiando nossos limites humanos para melhorar nossa humanidade e construir um mundo melhor para todos.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O autor é sociólogo*