Chuvas intensas provocam prejuízos pelo país
Governo do Estado tem atuado fortemente apoiando as Prefeituras nesse momento. Leia mais no artigo de Marcellus Campêlo.

Ednilson Maciel, marcellus Campêlo*
Publicado em: 15/06/2022 às 12:19 | Atualizado em: 15/06/2022 às 12:19
Em apenas cinco meses – de janeiro a maio deste ano – o Brasil atingiu a marca triste de 479 óbitos em consequência de tragédias ocasionadas por chuvas intensas no país, conforme dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Esse número é 65% superior ao registrado em todo o ano de 2021, quando houve 290 mortes, e é o maior índice dos últimos 10 anos, correspondendo a 27% de todas as vítimas registradas no período. De 1º de janeiro de 2013 a 1º de junho de 2022 ocorreram 1.777 óbitos em deslizamentos de terras e afogamentos provocados por chuvas intensas.
Os estragos causados pelas fortes chuvas no Brasil deixam um rastro doloroso de vítimas fatais, de desabrigados e geram graves prejuízos aos cofres públicos. Há cidades que levam décadas para se reerguer, para recuperar o que perderam. E, mais lamentável, famílias que perdem entes queridos, algo que não há como recuperar.
No Estado, as chuvas intensas também não dão trégua, e este ano em especial, o “inverno amazônico”, que se encerra normalmente em maio, vem se prolongando e já causa prejuízos para os comerciantes e moradores de áreas próximas dos rios e igarapés.
Já são mais de 138 mil famílias afetadas pela enchente, no Estado, o equivalente a 552,5 mil pessoas, segundo relatório da Defesa Civil do Amazonas. Encontram-se em estado de emergência 47 dos 62 municípios amazonenses e 12 estão em situação de alerta, inclusive a capital, Manaus.
O Governo do Estado tem atuado fortemente apoiando as Prefeituras nesse momento, não somente na parte de infraestrutura, mas também junto às famílias, que estão recebendo o cartão Auxílio Enchente no valor de R$ 300.
Além da atuação diretamente nesse período de cheia, o Governo do Amazonas tem feito um trabalho importante através do Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), retirando as famílias de áreas de risco de desabamento e de alagação, na capital, e instalando-as em moradias seguras. Com essa ação, vem evitando que tragédias ocorram vitimando a população.
De 2019 para cá, 1,4 mil famílias já foram reassentadas pelo Prosamin+. São cerca de 7 mil pessoas que foram retiradas de áreas de risco, no entorno dos igarapés do Quarenta, Mestre Chico e São Raimundo, onde a Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) realiza obras do programa. Foram aplicados R$ 66,6 milhões para reassentá-las em moradias dignas e seguras.
Na nova etapa do Prosamin+, que já começou a ser executada, as intervenções iniciam no bairro do Japiim, na zona sul, seguindo o curso do Igarapé do Quarenta até a Comunidade da Sharp, alcançando pela primeira vez a zona leste da cidade, uma das mais populosas e carentes de infraestrutura em Manaus.
O programa, que tem financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), vai beneficiar cerca de 60 mil pessoas, com obras de infraestrutura, saneamento básico, construção de conjuntos habitacionais, praças e parques.
Serão removidas de áreas de risco 2.580 famílias que vivem hoje na Comunidade da Sharp, na zona leste, e na Manaus 2000, na zona sul. O programa irá construir 648 unidades habitacionais e oferecer também outras soluções que incluem indenizações, bônus e auxílio-moradia, de acordo com o perfil das famílias cadastradas.
Paralelo às obras que serão financiadas pelo BID, o Governo do Estado já deu início, com recursos próprios, à construção de um dos conjuntos habitacionais que atenderá as famílias beneficiadas pelo Prosamin+. A quadra, na avenida General Rodrigo Otávio, no Japiim, é composta de quatro blocos, num total de 32 apartamentos.
Também já foi concluído o processo de licitação para construção de outro residencial, de nove blocos de 72 apartamentos que serão erguidos na Cachoeirinha, zona sul, com obras a iniciarem muito em breve.
Outros nove residenciais estão projetados para serem construídos com recursos financiados pelo BID. São sete na Comunidade da Sharp e dois na Manaus 2000. Já há uma licitação internacional em curso para a realização das obras, com previsão para início no segundo semestre deste ano.
As comunidades da Sharp e Manaus 2000 estão há mais de 20 anos enfrentando o problema de alagação no período das chuvas, passando por várias administrações sem que fosse resolvido. Na atual gestão, o governador Wilson Lima se comprometeu de solucionar o problema em definitivo, apresentando e aprovando junto ao BID o financiamento para execução da obra.
Agora, entramos no processo de realização do que foi planejado e em breve as famílias que vivem nesses locais poderão, assim como as demais beneficiadas em outras etapas do Prosamin, dormir mais tranquilas e em ambientes salubres e seguros.
*Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão que gerencia as obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin).