A dignidade do trabalhador está na ética e na luta contra a exploração

O trabalho se mostrou um bem dadivoso enquanto o homem e a mulher o utilizaram para conseguir sua sobrevivência na natureza

Mariane Veiga, por Lúcio Carril

Publicado em: 02/05/2022 às 11:33 | Atualizado em: 02/05/2022 às 11:33

Vamos falar de trabalho.

Desde criança que ouvimos dizer que o trabalho dignifica o homem. Pois lhes digo: o trabalho não dignifica o homem nem a mulher.

O que dá dignidade ao ser humano é viver honestamente. É a conduta moral e ética de como o ser constrói sua vida é que lhe dá dignidade.

O trabalho se mostrou um bem dadivoso enquanto o homem e a mulher o utilizaram para conseguir sua sobrevivência na natureza.

Mas quando apareceram uns espertalhões e começaram a se apropriar de mais coisas do que precisavam, o trabalho virou o único meio de fazer crescer a ganância. Logo se inventou a escravidão.

Depois, quando era dispendioso manter escravos, inventaram o salário e mandaram o dono da força de trabalho se virar com uma quantia insignificante.

Até hoje, o trabalhador só ganha por duas horas das oito que trabalha. As seis horas do seu suor vira lucro para o patrão. E das duas horas pagas o trabalhador ainda tem que comprar o objeto que ele produziu.

Você já ouviu falar em mercado? 

O mercado que a mídia fala não é o local onde a gente compra a comida. É a reunião daqueles que se apropriam das seis horas da tua força de trabalho. 

O mercado só olha para uma coisa: o lucro. E esse lucro ele consegue explorando o trabalho do trabalhador.

Como barrar isto, essa ganância desenfreada daquele que vive do teu trabalho?

No mundo onde eles mandam, só a organização do trabalhador pode fazer o enfrentamento à exploração. Não por acaso, quando os trabalhadores se dispersam a exploração aumenta, o salário é congelado, a comida fica cara, o preço do gás leva parte significativa do dinheiro da alimentação.

Outra forma de enfrentar o capital e não deixar que o mercado dite as normas da economia é eleger um governo que fique ao lado dos trabalhadores e garanta uma melhor distribuição de renda.

Se houver organização dos trabalhadores e um governo popular, mais dignidade para todos existirá.

O autor é sociólogo.

Foto: José Paulo Lacerda/CNI