EUA, vilão da guerra e dos crimes contra a democracia
Se tem um país responsável pelos dramas da injustiça e pela tristeza das mortes por política no mundo chama-se EUA

Mariane Veiga, por Lúcio Carril
Publicado em: 24/02/2022 às 14:19 | Atualizado em: 24/02/2022 às 14:28
É preciso ter lado. Tenho repetido isso. Sempre estaremos do lado da paz; não só da paz entre nações. Queremos a paz social, sem a injustiça e a miséria que destroem vidas.
Num mundo de profundas desigualdades sociais e de antagonismos de classes, é preciso ter lado. Ou você opta pelo poder do opressor ou apoia quem os enfrenta.
Os Estados Unidos representam o terror no mundo. Deixaram 500 mil civis mortos na Síria, criaram uma farsa e destruíram o Iraque, um dia soltaram bombas no Japão e 250 mil homens, mulheres, crianças, idosos viraram cinzas. Para ficar em poucos exemplos.
Aqui no nosso continente latinoamericano, os Estados Unidos bancaram golpes de Estado sangrentos, e até hoje organizam ataques à democracia, na chamada guerra híbrida.
Se tem um país responsável pelos dramas da injustiça e pela tristeza das mortes por política no mundo chama-se EUA.
É preciso ter lado.
E o lado não pode ser de quem mantém e enriquece às custas de uma ordem mundial que coloca de um lado países pobres e de outro, países ricos, com total exploração dos países pobres, reproduzindo aquilo que acontece na luta de classes nas nações.
A nova Divisão Internacional do Trabalho só mudou os instrumentos na era digital, mas a estrutura opressiva e desigual é a mesma.
É preciso, sim, desafiar o domínio norteamericano. E qualquer um que o faça estará no sentido contrário de uma ordem construída com sangue dos povos de todo o mundo.
O poder dos EUA tem cheiro de sangue dos povos das Américas e da África.
Sou contra a guerra. Mas é bom lembrar que quem sempre ganhou com conflitos armados foram os Estados Unidos, desde a primeira guerra mundial. Não por acaso sua liquidez financeira foi adquirida com a venda de armas e alimentos para uma Europa destruída. Não tardou para colocar o mundo em crise com o baque de 1929.
Depois da Guerra Fria, a expectativa do mundo era com o fim da OTAN, braço armado dos Estados Unidos. O que fez o Tio Sam? Tratou de fazer da organização um instrumento de seu expansionismo à procura de insumos e mercado consumidor.
O imperialismo não para.
É bom lembrar mais uma vez que o conflito Rússia/Ucrânia foi causado pelo imperialismo americano, ao tentar manobras para colocar a Ucrânia na OTAN. É provocação demais querer fazer base militar na fronteira da Rússia.
A guerra é um horror para qualquer país e seu povo. Mas não esqueçamos que é o imperialismo americano que vive interferindo na soberania de todos os países em desenvolvimento no mundo, para saqueá-los de acordo com seus interesses econômicos.
Os países com reserva de petróleo que o digam.
Se tem um mal no mundo chama-se EUA.
E não é de se estranhar que os países ricos se ponham solidários, sempre, aos ataques americanos contra democracias e soberanias dos países pobres. É assim a ordem mundial.
À Rússia sobrou a alternativa de responder à ofensiva expansionista dos Estados Unidos atacando a Ucrânia, país que tem um governo subserviente ao domínio americano. É lamentável. Muitas mortes virão.
Mas é preciso enfrentar a opressão do Tio Sam e inaugurar um movimento que mexa na forma e no conteúdo da ordem mundial vigente. Os EUA e a Europa não podem continuar dizendo ao mundo qual o modelo político e econômico que deve seguir, perenizando a opressão e a exploração.
O mundo não pode continuar sendo um celeiro dos países ricos. Os continentes com maioria de países pobres, vítimas da colonização e do roubo que eclodiu a acumulação do capital, precisam de uma reparação histórica.
Mas isso não vai acontecer na atual ordem. Daí todo desafio e enfrentamento ao imperialismo norteamericano ser um momento para discutir a forma na qual o mundo está estruturado.
Lamento a guerra, mas sei quem faz a guerra e quem dela enriqueceu. Tenho lado. E meu lado nunca será a do opressor.
Luto por uma paz com justiça e não uma paz fincada no horror da miséria e do genocídio.
E para concluir, é bom lembrar que o Brasil não vive na paz. Aqui enfrentamos a guerra da fome, do racismo, do preconceito e do genocídio contra negros e índios.
O autor é sociólogo.
Foto: Reprodução/Reuters