Bolsonaro frustra Manaus

Presidente não tem uma obra para chamar de sua no AM, em quase três anos de mandato; além disso, esqueceu da ZFM e da BR-319

Bolsonaro em evento evangélico em Manaus

Neuton Corrêa, do BNC AMAZONAS

Publicado em: 28/10/2021 às 07:15 | Atualizado em: 28/10/2021 às 07:15

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) frustrou em sua passagem por Manaus, quarta ao Amazonas este ano.

A cidade esperava dele os mais de R$ 1 bilhão que prometeu em junho ao prefeito David Almeida (Avante).

Na sua chegada a Manaus, na terça-feira (26) à noite, David reiterou confiança de que parte do prometido seria anunciado.

Isso não aconteceu até a partida do presidente de volta a Brasília, no fim da noite de quarta (27).

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Da mesma forma, o presidente não fez nenhum anúncio de investimentos no Amazonas.

Além disso, ignorou temas recorrentes da pauta de reivindicações do estado.

A Zona Franca de Manaus, a BR-319 e a BR-174, destruída em seu governo, sumiram de sua fala.

Sem obra

Em quase três anos de governo, o presidente Jair Bolsonaro ainda não tem uma obra no Amazonas para chamar de sua.

Este ano, em Manaus, inaugurou um auditório no Centro de Convenções Vasco Vasques, mas a obra foi iniciada na gestão Dilma Rousseff.

Ele também inaugurou um bloco de apartamentos no conjunto Cidadão Manauara. No entanto, a obra nasceu no governo Dilma e foi acelerada na gestão Temer.

A única obra, com sua cara, efetivamente, foi inaugurada por na zona rural de São Gabriel da Cachoeira.

Foi uma ponte.

Mas a ponte, na verdade, era um pinguela, cuja inauguração foi mais cara do que a obra.

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Indiferença aos mortos da pandemia

O presidente poderia ter aproveitado a viagem a Manaus para se solidarizar com as vítimas e as famílias das vítimas fatais da pandemia.

Seria um gesto sem custo, mas de alto valor para a cidade que foi epicentro da pandemia no mundo.

Campanha

A única coisa que o presidente Bolsonaro fez no Amazonas, nas 24 horas que passou aqui, foi fazer campanha antecipada pela sua reeleição.

Fez isso ao se encontrar com policiais e evangélicos, segmentos que mais o apoiam.

E reiterou a conduta de candidato ao passar o dia todo dando entrevistas.

Conta alta

O problema é que o turismo que o presidente fez em Manaus não sai de graça para os cofres públicos.

O deslocamento de uma comitiva presidencial tem custo alto.

E conta fica ainda mais alta quando a máquina pública se move sem apresentar resultado.

Foto: Divulgação