Vacinação contra covid sete meses depois: os números do descaso

No ritmo que está, Brasil precisa de mais um ano para alcançar 2/3 da população na vacinação contra covid

Covid causa duas mortes nos primeiros dias do ano em Porto Velho

Mariane Veiga, por Lúcio Carril*

Publicado em: 17/08/2021 às 14:27 | Atualizado em: 17/08/2021 às 14:57

Hoje o Brasil completa sete meses da primeira vacina aplicada (17 de janeiro) e só temos 23,85% da população imunizada.

Nesse ritmo levaremos mais um ano para alcançar 2/3 da nossa população.

A média móvel de mortes continua alta:839 vítimas por dia.

O Brasil está em 68º lugar no ranking global de aplicação de doses da vacina contra covid-19.

É o 6º país com mais mortes por milhão por covid; são 2.647 óbitos a cada milhão de habitantes.

O Amazonas ainda luta para fazer subir a imunização, que ainda está em 18,61% da população, um número abaixo do nacional, apesar de ser o 5° estado com mais mortes por milhão de habitantes: 3.184.

Para se ter uma ideia da dificuldade em aumentar o número de imunizados no Amazonas, ontem, 16 de agosto, o número de faltosos para tomar a segunda dose em Manaus era de 35,6 mil. Nas últimas duas semanas teve um aumento de 72%.

A capital contabilizou até ontem 412.638 imunizados, ou 18,59% da população.

Essa negligência pode levar ao surgimento de novas variantes do vírus, aumentando o risco de contaminação e mortes.

Estudo realizado pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais) e pela Universidade de Toronto revela que cidades em que o presidente Jair Bolsonaro ganhou o segundo turno das eleições de 2018 apresentaram um maior número de casos e mortes por covid-19 do que aquelas em que ele perdeu.

Cidades que tiveram mais de 51% dos votos para Bolsonaro registraram números de casos até 299% maior e até 415% mais mortes um ano depois do início da pandemia.

Em Manaus, Bolsonaro teve 65,72% dos votos.

O autor é sociólogo.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil